#Nos40DoSegundoTempo

Sobre o Carnaval…

Das polêmicas {comportamentais} desse Carnaval, temos ?:::: os peitos “caídos” de Bruna (e, sem silicone), a coleira (anos 90) ”nada original” de Sabrina, os libs “ousados” (nos mamilos) de coração da Cléo. Além, das questões de cunho sociais/antropológicas, como a pergunta sobre o uso do cocar ser ou não uma apropriação cultural dos índios e suas tribos?? se fantasiar de Jojo Todynho não é fantasia é preconceito?! será que o mesmo exemplo, pode ser usado pra quem se fantasiou de Ivete grávida?! Enfim, temos assuntos não é Genthyyyyy?!!! ?

Enfim, vamos falar de MULHERES, da relação do corpo feminino e o Carnaval, deixo as outras questões acima para um próximo post.

**Estou fantasiada de mim mesma, vai que, 
eu desrespeite alguma regra do politicamente correto, né?!

Das polêmicas {comportamentais} desse Carnaval ?:::: os peitos “caídos” de Bruna (sem silicone), a coleira (anos 90)”nada original” de Sabrina, os libs “ousados” de coração da Cléo, usar cocar é apropriação cultural dos índios e suas tribos?? se fantasiar de Jojo Todynho não é fantasia é preconceito?! será que o mesmo exemplo, pode ser usado pra quem se fantasiou de Ivete grávida?! Enfim, temos assuntos não é Genthyyyyy?!!! ? **Estou fantasiada de mim mesma, vai que, eu desrespeite alguma regra do politicamente correto, né?! _________________________________________ #nos40dosegundotempo #mulherde40 #comportamento #papocomportamental #mulherfashion #minhafantasia #falandosobre ? by @joy_imageyou

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Vamos por partes, começaremos por uma pergunta na lata “Que diabos se passa na cabeça das pessoas, em ditar regras sobre as formas em relação ao corpo de outras mulheres?!” Sim, mulheres, porque passa Carnaval, entra Carnaval e, é sempre sobre os nossos corpos femininos que as pessoas falam, reclamam e ofendem sem o menor pudor.
Desde quando foi instaurado um padrão único e absoluto do tamanho e formato dos seios femininos?! Ora pois, os seios da Bruna são perfeitos, simplesmente porque não existe certo ou errado. Se ela não usa silicone ou, se ela não turbinou o tamanho deles, é, porque, ((certamente)) ela esta satisfeita e feliz com eles. E, se não estiver, isso não é da minha ou da sua conta, concorda?!

 Sendo assim, nem eu e nem você temos nada a ver com isso?!

Vamos nos libertar das amarras desses velhos padrões de beleza impostos à nós mulheres, não é mesmo?! Ao invés de usar o megafone SEMPRE apontado para as críticas, vamos usá-lo para DAR liberdade aos diferentes tipos de corpos e seios que existem em nós. Vamos cuidar da nossa própria vida.

Aliás, minha meta em relação aos meus seios é me libertar cada vez mais do sutiã. Já, abandonei todos aqueles que me apertavam, incomodavam e limitavam meus movimentos. Meu melhor aliado hoje em dia, são os tops: confortáveis, leves e macios, além de dar aquela sustentação básica, sem esmagar os meus seios. Pura liberdade.

Também quero andar sem sutiã na rua, sem me sentir nua. Sem que meus mamilos chamem toda à atenção como se eles fossem uma afronta aos bons costumes. Quero andar sem nenhum olhar desaprovador ou pior, aquele olhar sexual de um tarado neles.  O chamado constrangimento na alma.

Que um decote diga muito mais sobre o meu gosto fashionista, do que a minha moral. Ela é minha, assim como o meu corpo. Se eu mostro mais ou menos, ninguém tem nada a ver com isso. Tenho ódio mortal de ainda ouvir a seguinte frase, carregada de preconceito “Mas essas meninas vão pra balada com a barriga de fora e a saia cada vez mais curta”. Problema é seu meu senhor e minha senhora, se a sua mente é no mínimo retrógrada, atrasada e ultrapassada, não venha julgar a roupa alheia.

Ainda sobre peitos “Porque essa celeuma toda em relação ao visual “ousado” da Cléo?!” Os grupinhos dos moralistas de plantão do Whastapp estão neste momento passando e repassando um vídeo “indecente” dela se divertindo na night carnavalesca, devidamente com suas “tetas de fora”, como gostam de falar. Oh, que escândalo!#SQN.

Quanta incoerência. Ela está no Sambódromo, assistindo a um desfile de Carnaval, onde outras mulheres desfilam seus corpos em suas fantasias igualmente “ousadas”. Porque, ela é então, a vítima do megafone das críticas?!
Ora pois, mais um caso de falta do que fazer. Agora, o mais chocante são sempre os comentários, na sua grande maioria denegrindo a moral da pessoa. Como se a “ousadia” dela fosse um pecado ou sinal de vulgaridade. Como se a mulher tivesse nascido pra ser casta e nada mais. Como se a mulher não podesse expor seu desejo e sua sexualidade.

Enfim, só lamento. Melhoramos muito, mas ainda falta um longo caminho pra que, mulheres e homens deixem de temer essa nova mulher, cheia de desejos, segura e dona do seu próprio corpo. Afinal, Não é não. Nesse Carnaval devemos nos ater ao que realmente foi um marco, a disseminação da palavra NÃO da mulher contra o assédio, do respeito, da brincadeira sem excessos, ou do avançar do sinal vermelho.

Sobre a Sabrina, entre uma homenagem e outra (Luma de Oliveira & Duda Nagle), nada de novo. Não achei submissão, nem tão pouco, machismo às avessas, apenas um pouco de falta de originalidade. Mas como ela mesma disse “Não tem nada mais feminista do que a gente homenagear outra mulher. Não é verdade?!“, nisso concordamos, pelo menos eu concordo com ela. Acho muita evolução feminina, mulheres que se elogiam, se reconhecem e trocam opiniões civilizadamente. Afinal, não tem nada mais empoderado do que respeitar a decisão de uma mulher.

Com tudo isso, vamos recapitular algumas lições comportamentais:

  • Meu corpo, minhas regras
  • Não é Não!!
  • O corpo é meu, você não tem nada a ver com isso
  • O seio é meu, você não tem nada a ver com isso
  • Somos milhares, como pode existir apenas UM padrão de beleza a ser seguido?!
  • Leve seu megafone de críticas para o seu terapeuta, você está precisando se olhar primeiro
  • Chega de difamação moralista nas redes sociais

Falta 1 mês…

Todo ano é a mesma coisa, o verão vem chegando e, eu vou entrando na linha. Começa aquela vibe do corpo perfeito, das minhas dietas mirabolantes, das chamadas sensacionalistas (adoro), enfim tudo conspira a favor da nossa autoestima, sim, porque nessa época do ano é, só o que tem de mais importante na face da terra – adquirir o corpo perfeito.

As revistas especializadas e outras mídias em geral, tratam da chegada do verão como um evento único no mundo. Por isso, aqui vai um conselho – se você tem celulite e seu corpo está longe do ideal fitness, se esconda, use burca, mas não cometa a sandice de ir à praia de biquini – nunca, amiga. O corpo perfeito não é feito de imperfeições, sorry, ele é devidamente talhado sob a disciplina de muitas horas de treinos diários e muita dieta a base de whey protein, como eu faço sempre.

Eu simplesmente esqueço dos prazeres mundanos da vida. Aquele boteco de quinta-feira a noite cheio de frituras e muita cerveja gelada, não vale as minhas calorias, vão por mim. Afinal, o que é o prazer em devorar uma coxinha de frango com catupiry, seguida de um bolinho de bacalhau, finalizando com uma linguiça calabresa em troca de uma barriga sarada?!

Andar na praia sem canga – eita, frase clichê – é o melhor dos mundos, coleguinha.

A liberdade de vestir uma roupa sem que as dobrinhas fiquem esmagadas é surreal de maravilhoso. Então, se o verão se aproxima, deixe de lado todas as comemorações de confraternização Natalinas e afins. Foque. Continue firme com os seus treinos e com a sua dieta de frango ressecado desfiado e batata doce.

Antes de ser xingada, esse texto contem ironia em alto grau.

Continuando...

A recompensa valerá cada festa perdida, cada sobremesa rejeitada, cada gin tônica recusada, cada vontade reprimida e, quando o verão chegar…desfile pela praia como se fosse a garota do Fantástico. Você merece, afinal deixou de lado tudo de bom que a vida tem só para desfrutar desse momento mágico.

Se você tiver sorte, suas férias do trabalho podem chegar naqueles preciosos 30 dias pelo qual os trabalhadores do Brasil tem direito, agora se o seu chefe gostar muito de você, talvez ele deixe você tirar apenas 15 dias, mas não importa serão 15 dias na praia sem canga, se bem que, no ultimo verão choveu em alguns dias e, eu não consegui ir à praia todos os dias, portanto se eu tiver sorte acho que esse ano consigo desfilar por uns 10 dias.

Fazendo as contas aqui – detesto matemática, mas vamos lá mesmo assim – se eu desfruto uns 10 dias de verão e mais uns outros feriados aqui e acolá, chegando numa média de uns 20 a 25 dias de praia todo ano, isso quer dizer que minha coleção de biquinis apenas será usada (pra arredondar) 1 mês durante o ano. Como eu não tenho casa na praia, essa média faz todo sentido. Isso me faz chegar a conclusão de que, o resto do ano todo (11 meses), eu não uso a porra do biquini, mas me mato todo esse tempo por conta de alguns dias, é isso mesmo produção?!!!

Quer saber de uma coisa, eu quero que esse corpo perfeito vá se F*$#@. Eu não vou deixar de aproveitar 11 meses durante o ano me podando de todos os prazeres gastronômicos do mundo por uma bundinha sem celulites e uma barriga com gominhos. Não, eu não estou com inveja, admiro quem consegue, quem tem essa disciplina interna, quem sucumbi ao paladar, quem treina todo dia de manhã feliz e contente, quem tira todo carboidrato da alimentação, quem faz disso uma filosofia de vida, MAS isso não serve pra mim. Posso ser a garota do Fantástico do mesmo jeito, imperfeita, com barriguinha, celulites e bunda caída.

Não estou fazendo apologia para uma vida sem saúde, 

estou falando de diferenças.

Por isso, essa pressão tão exagerada e muitas vezes cruel, com quem não tem um corpo perfeito – principalmente nessa época do ano – deveria ser controlada, ou melhor não deveria existir. Cada pessoa tem um corpo único, isso significa que, basta para entrar no verão de corpo e alma. Ter um corpo é o suficiente. Podemos ter senso de humor quando se trata do nosso próprio corpo, o que não podemos é ter preconceito com ele e com o dos outros.

Entre pai e filha

Uma das lições mais enfáticas da minha Terapia Holística, é, a seguinte: para ter um corpo livre de doenças, trate da sua mente. Não existe corpo são vivendo em uma mente desequilibrada. Por isso, o auto conhecimento é a base para uma vida sem doenças. Por isso, saiba que, até mesmo aquela gripe inocente é o resultado de uma mente agitada, muitas vezes o nosso corpo adoece para nos passar um recado ou expurgar um trauma. Enfim, seja de qual forma isso acontecer é sempre um meio de nós nos tornarmos mais alertas e menos displicentes, com as questões do nosso subconsciente e inconsciente. Da mesma maneira pela qual cuidamos do nosso corpo, frequentando uma academia, deveríamos fazer o mesmo com a nossa mente, cuidando mais dela.

Essa semana eu me vi com uma alergia que há tempos eu não sentia na pele, tenho intolerância à lactose desde muito pequena, mas sou uma adulta totalmente “nem aí” pra ela, não deixo de comer absolutamente nada, quando muito troquei o leite de vaca que eu costumava tomar em casa, pelo leite sem lactose. Mas, dessa vez não deu pra passar despercebido por essa alergia,  minha barriga estufou (sim, ela estufa como seu eu estivesse grávida de uns 4 meses) e, ela simplesmente não desinchava. Recorri ao velho método remédio alopático, seguido do caseiro até chegar a massagem linfática. Nada funcionava. O fato é que meu corpo estava me dando um sinal, mexer no vespeiro do meu subconsciente – significava ferroada no horizonte – com toda a certeza da terapia holística e de Carl Gustave Jung.

Pois bem. Um belo dia passando em frente a uma livraria, acabei saindo de lá com uns 15 livros sobre feminismo de todos os tipos: feminismo negro, poemas feministas, feminismo individualista, enfim achei a necessidade de me inteirar ainda mais sobre esse assunto, principalmente depois do meu recente evento criado e feito para mulheres – #Nos40DoSegundoTempo – onde o objetivo principal é falar e ouvir à respeito das questões femininas. Isso, me despertou a responsabilidade de estar ainda mais preparada e antenada do que nunca.

Dentre os vários livros que eu havia encomendado, justamente um deles não fazia parte dessa lista tão feminista, ele acabou vindo no meio do meu pedido, simplesmente por acaso (será que foi o acaso mesmo?!). E, ele era sobre (justamente) a relação entre pai e filha. Tema não propriamente do universo feminista em si, mas fundamental pra entender até mesmo a mulher que se torna uma feminista. Essa relação sempre foi muito delicada, apesar de fazer terapia, esse tema sempre foi uma questão pela qual eu não me aprofundava. Evitava a todo custo ter que falar sobre ela.

Pois bem, de repente “cai no meu colo” o livro de uma analista junguiana, uma fera no assunto nesse tipo de relação. Não sei dizer ainda exatamente o quanto eu fui e ainda estou sendo impactada por esse livro, mas posso dizer que chegar a ler a última página, me fez sentir nocauteada. Foi como, se o meu corpo todo estivesse sentindo.

Foi por conta disso que, meu corpo reagiu, a minha alergia gritou, uma gripe me acamou e, eu parei pra refletir e sentir todo aquele sofrimento guardado por anos debaixo daquele monte de lembranças escondidas e muitas também esquecidas da minha memória, pelas quais eu não queria ter mais contato nenhum. E, foi assim, sem avisar, elas começaram a submergir, o que tornou impossível eu continuar desviando o meu olhar para o outro lado, eu precisei olhar para a frente.

A grosso modo, as pessoas sabem quais são as consequências das crianças abandonadas ou negligenciadas por seus pais (plural), mas ninguém fala de maneira mais específica sobre a relação entre um pai e uma filha. Escuto muito minhas amigas e outras mulheres se queixando sobre seus relacionamentos afetivos atuais, sem se darem conta desse paralelo com a figura paterna de cada uma delas, pra tentarem justamente entender seus relacionamentos e atitudes do presente.

O pai de toda menina é seu primeiro amor na vida, e, é, a partir dessa relação que eu e você vamos construir as bases dos nossos futuros relacionamentos, sejam eles no plano pessoal ou profissional. Tudo vai depender da forma como essa relação se deu na infância e na adolescência, além obviamente de levar em consideração o seu jeito de ser individualmente. Por isso, não existe fórmulas mágicas de criação em relação as meninas, mas existe uma questão fundamental, a forma como isso deve ser feito, porque se essa relação não suprir o cuidado e a orientação pela qual nós “meninas” necessitamos, certamente nossa postura de vida será diretamente afetada pela falta desses cuidados e dessa orientação.

Eu sei, essa seara é enorme e profunda, mas as questões relacionadas a nossa auto imagem são diretamente ligadas ao nosso relacionamento paterno. É nesse ponto que eu abordo o feminismo pra minha vida. Conviver com meu pai foi um grande desafio, seu autoritarismo e sua forma distante de ser durante toda a minha infância foram a razão da minha grande frustração. As constantes discussões em casa, a falta de diálogo, me transformaram em um protótipo de feminista mirim. Afinal, a minha imagem paterna estava comprometida demais pra que eu tivesse algum tipo de admiração em relação ao masculino na minha vida. Isso, obviamente afetou o modo como eu me relacionei com os homens no passado, hoje eu consigo entender e valorizar o lado masculino, porque antes eu apenas desprezava.

O mais irônico dessa minha caminhada é que, apesar desse desprezo que eu sentia pelo lado masculino negativo, foi justamente esse modelo que eu passei a imitar. Sempre me identifiquei muito mais com o meu lado masculino, do que com o meu lado feminino. Tudo aquilo que eu não gostava, no fundo era o que eu reproduzia. Meu feminino ficou abandonado, desvalorizado dentro de mim. E, tudo isso porque eu considerava ele muito passivo e fraco. Só que, a minha força não precisava estar relacionada com o poder masculino, isso foi simplesmente libertador pra mim.

A minha relação com o meu pai sempre foi uma montanha russa de emoções reprimidas, já passei pela fase da raiva, do ódio e da rejeição. Hoje eu tenho a consciência de suas limitações, apesar do modo como suas atitudes influenciaram a mulher que eu me tornei. Suas limitações como meu pai também foram por conta de suas relações com o feminino e o masculino na sua vida, seria muita injustiça minha não levar isto em consideração. No fundo foi preciso essa minha ferida ser totalmente exposta e entendida de dentro pra fora, pra que eu aceitasse essa minha realidade. Minha relação que até então era apenas malresolvida na minha psique (mente), passou por um turbilhão de novas emoções, eu comecei a descobrir os pontos positivos do meu pai. A minha atual fase é da aceitação de suas limitações, de suas fraquezas e apesar delas e de como elas afetaram a minha vida, eu estou no caminho da compaixão e da cura.

Aquela gripe lá do começo desse meu relato, foi a tristeza por todo aquele sofrimento vivido e hoje entendido. Minhas lágrimas e meu luto interno foram a resposta da minha vulnerabilidade exposta, das minhas feridas finalmente reveladas e dos meus sentimentos aceitos por mim. Baixei a guarda das minhas defesas. Chorei.

Hoje, eu deixo a menina frustada para o passado, me torno realmente a mulher (ocultada por mim), entendo o que faltou no meu íntimo, redimensiono esse lado masculino, aceito as novas possibilidades e me liberto da ira estagnante. Eu não sou mais uma vítima.

Me despeço daquela couraça, ela não me servi mais…

"Sofremos a influência de nossos pais, mas não estamos 

predestinadas a permanecer meros produtos deles".

                                                                     Linda S. Leonard