#Nos40DoSegundoTempo

A Disciplina e o Princípio da Incerteza

Quem te disse que tudo na vida precisa ter uma regra específica?! quem te disse que não seguir essa mesma regra estabelecida é um sinal de fracasso?!não me canso de presenciar discussões sobre educação de filhos, carreira e sucesso, sem que no meio esteja repleto delas.

Como seguir à risca todas essas regras criadas pela sociedade, pelos nossos pais, nossos avós ou por nós mesmos, sem que no nosso íntimo estejamos aptos a maioria delas?! isso significa que, definitivamente, eu não sou capaz de ter realizações futuras, se eu não prestar contas rigorosamente com as regras?! será?!

Como estamos impregnados de tantas fórmulas de sucesso, não é mesmo?! Autoridades, ordens e muita disciplina estão sendo esfregados na nossa cara o tempo todo, mas, em contrapartida não sabemos absolutamente nada sobre as nossas relações humanas (relações do dia a dia). Passamos batido por essa questão como um furacão. Nem ao menos, realizamos que, muitos dos nossos problemas ou falhas em alcançarmos os objetivos dessas “tais” regras, no fundo, são por outros motivos, a falta de orientação emocional e vocação para segui-las.

Uma criança ou um adolescente não se torna um bully simplesmente por hobby. Se fizermos uma análise dentro do  relacionamento familiar desses indivíduos, chegaremos verdadeiramente no mecanismo de funcionamento familiar dessa casa, e, como consequência descobriremos o sofrimento por trás desse bullying. Não adianta impor regras para uma criança com esse perfil, sem entender suas causas, sem levar esse funcionamento em consideração.

Nossa medicina é exatamente assim, ela trata a doença, mas não o que levou a ela. A sociedade age da mesma forma. Um adolescente que não corresponde às expectativas e não segue os padrões e as regras de uma casa é imediatamente taxado de problemático. Ninguém parou e perguntou sobre os seus problemas, sentimentos ou respeitou genuinamente o seu jeito de ser. Já, as críticas são imediatas, sem moderação ou parcimônia. Bem vindos ao mundo da polarização e das cobranças de valores e regras à risca. Se eu penso diferente das suas regras, seremos inimigos. Não quero ao menos tentar entender o seus motivos.

Ninguém mais alcançará o Éden, sem passar pelas crenças criadas por nós mesmos, estas que acabam por nos aprisionar eternamente, por gerações e gerações. Se eu imagino o sucesso como uma única via de largada e de chegada, quem disse que eu serei capaz de alcançar se houver uma curva no meio do caminho?! eu mesma criei um modelo, uma regra e me aprisionei quando eu me projetei vitoriosa, sem ter certeza de absolutamente nada. Pois bem, eu posso passar uma vida nessa eterna busca. Regras não são sinais de certeza.

Desistam delas, mudem suas crenças e seus valores por mais realidade. A disciplina não precisa ter esse gosto amargo. O sucesso não precisa ter uma única fórmula.

Sejamos mais empáticos com os outros e com nós mesmos. Educar um filho pautado em regras rígidas, inventadas e criadas seja lá por quem, não o fará mais feliz, simplesmente porque regra nenhuma é capaz disso. Não acham?!

Alcançar a realização profissional não depende das regras, mas sim do seu autoconhecimento pessoal e emocional. O princípio da incerteza está aí para nos mostrar claramente sobre isso, no final da década de 1920, Heisenberg formulou o chamado Princípio da Incerteza. De acordo com esse princípio, não podemos determinar com precisão e simultaneamente a posição e o momento de uma partícula.

“A razão dessa incerteza não é um problema do aparato utilizado nas medidas das grandezas físicas, mas sim a própria natureza da matéria e da luz.

Se aplicarmos isso as regras, não podemos ter certeza de que elas funcionam perfeitamente e igualmente para cada um de nós com a mesma precisão. Somos indivíduos incertos e múltiplos. Cada pessoa carrega o seu jeito de ser e a sua estória de vida. Podemos nos parecer, nos reconhecer, mas ainda assim somos indivíduos únicos e cheios de incertezas. Quebrem as regras, quando elas não fizerem sentido para vocês! Não é anarquismo, hein?!

Envelhecer: bons ventos sopram…

Envelhecer é uma barra. Sentir o seu corpo falhar, nunca será simples, nem para os mais otimistas. Para nós mulheres, existe uma carga a mais – o preconceito – nesse mundo machista e jovem, onde homem pode tudo e mulher não pode nada, tudo fica mais dramático e injusto.

Todos (inclusive nós mulheres), aceitamos como normal a barriga de chop no macho, mas não no da fêmea. Ninguém fala sobre as rugas deles, mas falam delas. Não preciso desenhar pra mostrar o quanto sofremos com toda essa cobrança, não é mesmo?!

Quantas mulheres a beira dos 40 anos, começam a entrar em pânico?! já ouvi amigas afirmarem que não sabem envelhecer, que estão com receio ou ficando depressivas.

Eu, já tive receio (confesso, ainda tenho de tempos em tempos), eu, me incomodo com algumas partes do meu corpo pelo simples fato de não serem mais jovens (penso naquela cirurgia plástica com mais força ainda), eu, não quero me entupir de remédios (mas preciso tomar alguns diariamente), eu, gostaria de ter mais colágeno na pele (mas não tenho mais), eu, não tenho mais o mesmo rendimento na ginástica (PQP), eu, mais uma porrada de coisas (fato consumado).

Enfim, todo cenário se torna ainda mais caótico, se a sociedade passa a excluir e tratar o ato de envelhecer de uma maneira excludente e perversa. Aceitar as mudanças do corpo e da mente, se tornam um grande fardo. Passamos a enlouquecer com mais uma ruga no rosto, entramos de cabeça na corrida contra o tempo.

Piramos com os tratamentos estéticos, nos afundamos em dor e sofrimento, 

e, o porquê de tudo isso?!

Uma parte é nossa. Verdade. Nosso temperamento, e, o quanto damos de importância e valor para essa tal de juventude eterna vai nos afetar mais ou menos, superficialmente ou profundamente. Mas, a parte pela qual a sociedade é responsável, essa a gente pode amenizar, mudar, exigir inclusão e visibilidade.

Nesse caso, a estória da modelo Isabella Rossellini é muito emblemática. Afastada de uma marca de beleza aos 42 anos, por conta da sua “velhice”, hoje, aos 65 anos, ela foi recontratada, pela mesma marca de beleza, justamente porque os conceitos estão mudando.

Os bons ventos sopram no horizonte. O que isso significa?!! Muito. A sociedade está mudando, estamos equilibrando as forças, fazendo as pazes com o envelhecer, afinal ele tem um lado positivo. Acreditar que a idade é um mero número, nos incentiva e ampliar o nosso universo de novas possibilidades. Criamos coragem para deixarmos a máscara da juventude de lado.

Envelhecer perde o peso, se torna parte da normalidade, da vida e do nosso processo. Acreditar na beleza da mulher mais velha é uma quebra de paradigmas, uma nova normatização e o fim de uma ditadura da beleza única e exclusivamente para as mulheres jovens.

As mulheres se sentem excluídas

As mulheres se sentem rejeitadas

Mudança de comportamento

Definição de uma beleza plural

Isabella Rossellini forteller om da hun fikk sparken

– They let me go at 42 because they told me I was too old to represent women's dreams. #kvinnedagenWatch our talk show interview with Isabella Rossellini here: https://www.youtube.com/watch?v=zRa7UptZ3qw

Posted by Skavlan Talkshow on Thursday, March 8, 2018

** A entrevista  abaixo da modelo e atriz Isabella Rossellini é em inglês, infelizmente eu não encontrei com tradução.

Um casamento em NOLA

Não estava nos nossos planos de viagens (de família), mas eis que surge um nome. Eu, logo me interessei pelo desvio de rota, da Costa Oeste para o meio dos Estados Unidos. Nunca pensei em fazer uma viagem para New Orleans. É verdade, eu sempre tive muita curiosidade em conhecer essa cidade, por inúmeras razões, seja pelas suas origens do jazz, pelas histórias da Guerra Civil, o filme 10 anos de Solidão, o trágico furacão Katrina ou o famoso Mardi Gras, vários eram os motivos pra eu querer conhecer a cidade, mas nenhum deles havia me feito querer tanto pra que eu planejasse uma viagem por lá

E, de repente o motivo que faltava surgiu, tínhamos sido convidados para um casamento, entre uma brasileira amiga do Beto, com um americano de Miami. Nenhum dos dois moravam ou tinham familiares em New Orleans, mas porque, então iriam se casar em um lugar tão peculiar como NOLA ?!

Simplesmente, porque a cidade é pura festa e, assim também são os noivos.

Esqueçam as grandes produções nababescas do nosso país, com essas festas para milhares de pessoas e, decoração de flores do chão até o teto, nada de ostentação, somente a simplicidade de uma comemoração feliz entre amigos e família. Aqui é assim.

Tudo começou pela pequena cerimônia na área externa do restaurante, foram justamente os amigos  – os celebrantes desse momento – eles quem conduziram o ritual (sem frescuras ou discursos longos e enfadonhos chatíssimos). Adorei essa quebra de regras, essa ousadia de criar um novo ritual tão particular e intimista.

Em seguida, chegamos no ponto alto da festa, quando o ritual volta para o tradicional – aos moldes da cidade e suas tradições – a noiva e o noivo convidam seus amigos para festejar toda essa alegria e a nova união, literalmente do lado de fora do salão, ou seja na rua.

Uma banda estrategicamente nos aguardava na porta do restaurante, já tocando e chamando os convidados para se juntarem aos noivos, como numa peregrinação ou numa ala de escola de samba, saímos dançando pelo rua. Que energia.

Fomos devidamente escoltados por policiais, um batedor de moto não deixa que o fluxo desandasse, somos observados de perto pelos transeuntes curiosos que, neste momento passam a aplaudir a noiva, o noivo, mandando beijos, assobios e gritos de boa sorte, felicidades e muito amor. Alguns se arriscam a dançar conosco, outras pediam selfies com a noiva, que prontamente atendia aos pedidos. Ela estava vestida com um longo branco liso divo, complementado por uma capa chiquérrima e, uma casquete no cabelo a lá década de 50, era puro estilo.

Foi uma volta por alguns quarteirões, mas o suficiente pra animar os convidados e as pessoas que estavam na rua naquele momento. E, tudo o que precisou foi, um batedor de policia controlando o trânsito e muita felicidade, além da ginga no pé, não é mesmo?! mas nesse quesito, os convidados Made in Brazil deram um show à parte. Sorry, gringos…

Voltando para o restaurante, nos despedimos da banda e, em seguida foi servido um brunch. Toda essa simplicidade fez desse casamento um dos melhores que eu fui nos últimos tempos, quando a gente faz uma festa pra gente, e, não para impressionar, o resultado é tão original, verdadeiro e único que, só poderia ter valido a pena ter feito esse desvio de roteiro. Decisão acertada.