Eu não gosto de acordar cedo, aliás nunca gostei, mas desde muito pequena me ensinaram “Deus ajuda quem cedo madruga”. Puta sacanagem esse ensinamento (ops Senhor, desculpa o palavrão aí), imaginem só, mulheres como eu, apaixonadas pela noite, condicionadas a acharem a manhã “o” certo. Além disso, como forma de “castigo” por não conseguirmos acordar cedo (junto do galo cantando), ainda estamos predestinadas a ficar sem a ajuda de Deus.
Por isso, obrigatoriamente, eu pulo da cama com aquela vontade enorme de ir pra academia e fazer a aula de corrida da professora Bruna às 6:00 horas da manhã (contém ironia), desista – isso, definitivamente só seria possível se eu tivesse ainda dormindo – ou seja, eu ainda estaria na cama sonhando e, isso não vai acontecer. Simplesmente, eu prefiro a noite, não gosto de fazer ginástica cedinho.
Notívagas, uni-vos!! chega dessa ditadura de que o dia foi feita só para trabalhar e, a noite só para gandaiar. Eu sou infinitamente mais criativa e produtiva durante ela (ou pelo menos depois do meio-dia). Escrever nunca foi tão fácil e prazeroso, com a escuridão da noite.
Começa por aí a “minha” cobrança sobre a “minha” mulher maravilha (apesar de dormir tarde), eu ainda me obrigo a continuar acordando muito cedo, caso contrário, vocês já sabem, né?! fico sem a ajuda “do Senhor” ou me sinto em falta com as minhas obrigações.
Afinal, aonde se encaixa a questão da mulher maravilha?! aquela que é maravilhosamente maravilha “E” perfeita?!
Começo o dia já em dívida comigo mesma. Não sinto o mesmo mérito quando pela manhã, não “cumpro” com as regras da mulher maravilha. Acordar cedo e produzir loucamente.
Porém, todavia, contudo…
Finalmente, tomei a decisão de mudar alguns dos meus horários matinais, principalmente foi com o horário da academia que, eu tive um divisor de águas. A mudança nem foi TÃO radical, apenas atrasei as minhas aulas para às 10:00 horas (uma hora pra frente). Uma pequena adaptação e um grande alívio pra mim.
Meus diálogos internos sabem o quanto demorei pra tomar essa (óbvia) decisão, afinal por mais que eu não precise mais acordar cedo pra dar de mamar ou levar as crianças pra escola (elas cresceram, faz tempo tá!) eu estava naquela de continuar achando que, mesmo sem filhos pequenos ou sem trabalho onde eu precise bater o cartão de ponto, com uma flexibilidade de horários, a minha mulher maravilha insistia na obrigação moral de continuar acordando cedo. Sem se importar com o horário em que eu fosse me deitar. Afinal, sempre foi o certo ou o esperado entre as pessoas trabalhadoras e de bem, não é mesmo?!
Me dar o direito de dormir até UM pouco mais tarde, foi libertador e um ganho na minha qualidade de vida/cansaço, até porque quem disse que eu consigo dormir antes da 1:00/2:00 da manhã?! Se eu fizer as contas, eu estava devendo horas de sono para o meu sono, com juros e correção monetária.
Então, falar deste detalhe da minha rotina, pode parecer tolo, bobo ou até mimado, mas no fundo essa mudança foi tão significativa pra mim, porque ela incorpora toda essa minha projeção do arquétipo da mulher maravilha ser perfeita, ser a mulher que dá conta do recado, que não desanima, que vence todos os desafios, que não esmorece, que acorda cedo pra ir na ginástica, pra trabalhar fora, que não tem sono (mesmo quando dorme pouco), que vai e faz – eu posso imaginar até, um fundo musical dramático narrado pela voz do Cid Moreira ao fundo – tudo isso pra dar aquela intensidade a essa minha narrativa do que eu costumava esperar da minha mulher maravilha. De mim mesma.
A verdade é que, a minha mulher maravilha, assim como a sua passou a vida toda sendo condicionada por um monte de merdas regras de perfeição, por crenças e convenções culturais que nos aprisionam em caixas. Agora, eu me pergunto e estendo a você “Quem disse que está certo acordar cedo e errado acordar tarde?!”
Se eu tenho a escolha, eu vou escolher o que se encaixa nas minhas necessidades, no meu temperamento e no meu jeito de ser, não mais nas necessidades alheias do que eu um dia imaginei ser certo, condicionado apelo olhar do outro ou pelo olhar social.
Por isso, um recadinho para a minha (aproveita e mando o seu recadinho também) mulher maravilha:
“Aceita logo, você não nasceu pra ser nenhum exemplo de atleta de alto rendimento ou galo de poleiro pra acordar antes das 6:00 horas da manhã, e, quer saber colega?! tá tudo bem, a mulher maravilha que habita dentro de você, pode viver sem isso”.
“Não se culpe, não se cobre, todas nós temos limitações ou simplesmente, preferências e uma fisiologia particular, OK!!”
Agora, o meu recado é amplo, irrestrito, estendido e multiplicado para todas as mulheres maravilhas desta galáxia. Se vocês não conseguiram ticar ✔️ todos os afazeres do dia, se vocês não deram conta da demanda rígida auto imposta, simplesmente liguem o botão do foda-se. Não tentem ir além de seus limites físicos e emocionais, deem um desconto, não se cobrem perfeição, gata garota, ninguém nesse planeta terra o-é, nem mesmo os super-heróis, nós as super-heroínas também não somos.
Cansa pra caraio, tentar suprir tudo o que nós esperamos de nós mesmas (além da demanda social). E, por favor, não vamos mais sofrer quando nós não “dermos conta”, nem morrer de tanto desgosto interno, combinado?! Seja honesta com você, será que eu preciso fazer isso tudo?! Será que “eu” preciso acordar tão cedo?! Faça a sua pergunta!
**Motivos pelo qual eu (ainda) POSSO acordar cedo:
- Pegar um voo cedo para viajar (lazer)
- Não dormir para ver o por do sol (gratidão)
- Fazer exame de sangue (obrigação)
Segue a dica:
*Se não quiser adoecer – “Aceite-se”*
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia
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