Hoje andando por Nova Iorque me deparei com uma pequena multidão em frente a loja da Louis Vuitton, na quinta avenida.
Na frente da vitrine uma surpresa. Uma senhorinha, toda estilosa e praticamente imóvel, vestida inteirinha de POLKA DOLTS apresentava a nova coleção da marca.
Quando consegui chegar perto da vitrine, vi quem era a tal senhorinha. Yayoi Kusama, uma das grandes artistas pop japonesas, conhecida e reconhecida por seu trabalho e por sua história de vida.
Yayoi, é obcecada por bolas e pontos, parte da sua inspiração se dá ao fato de ser esquizofrênica. Segundo a sua própria narrativa sobre a doença, ela é atormentada por visões de pontos e bolas.
A artista nasceu em 1929, e desde muito cedo passou a ter alucinações e uma percepção diferente da realidade. Com um relacionamento conturbado com a mãe, que nunca aceitou sua veia artística, seu quadro emocional se agravou ainda mais.
” Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originário das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormenta em esculturas e pinturas. Todos os meus trabalhos em pastel são os produtos da neurose obsessiva e, portanto, intrinsecamente ligado à minha doença. Eu crio peças, mesmo quando eu não vejo alucinações”.
Durante um determinado período Yayoi, viveu nos Estados Unidos e conviveu com artistas como, Andy Warhol, Joseph Cornell, Donald Judd e Georgia O’Keeffe, esta última responsável pela vinda da artista ao país.
Em 1973, quando a doença se agravou Yayoi, resolveu voltar para o Japão se internando em um Hospital Psiquiátrico, onde vive até hoje.
Suas obras podem ser encontradas ao redor do mundo, uma delas se encontra no Brasil no Centro Cultural de Inhotim/ MG.
A obra Narcissus Garden Inhotim (2009), é uma replica de uma escultura feita para a Bienal de Veneza em 1966.
“Se não fosse a minha arte, eu já teria me matado há muito tempo”
Agora voltando a simpática senhorinha da quinta avenida, devo dizer que sua colaboração para Louis Vuitton além de encher a loja de bolinhas, as roupas, as bolsas e os acessórios, também encheram os meus olhos de bolinhas na mais poética figura de linguagem.
Afinal de contas, esse tipo de linguagem não tem compromisso com a objetividade e com a realidade tal qual ela é, assim como a vida e a obra de Yayoi.
Ps: e como toda alucinação se confunde com a realidade – a Yayoi da foto acima é uma BONECA DE CERA!!!
A coleção