Grande expectativa para chegar a Yangon, afinal essa seria a nossa primeira cidade em Myanmar. Saímos do aeroporto direto para o mercado, não dava pra perder tempo com check- in, isso ficaria pra depois. Aliás, a nossa viagem foi marcada pela correria, nada de perder tempo com bobagens (aja, fôlego).
Pela livrinho que a nossa agência de viagem nos mandou, a descrição da cidade era a seguinte:
“Yangon, ex-capital de Myanmar (hoje a capital administrativa fica em Nay Pyi Daw) é também o principal ponto de entrada no país. Foi fundada pelo Rei Alaungpaya em 1715, junto a uma pequena comunidade chamada Dagon.
O nome Yangon significa “Fim do Conflito”, mas foi anglicizado – V.pr. Tomar caráter inglês, imitar os costumes ingleses – para Rangoon, depois da ocupação britânica, em 1885. Possui hoje uma área de 350 km˙ em 14 metros de altitude e uma população de cerca de 5 milhões de habitantes.
A população da cidade é uma mistura de britânicos, birmaneses, chineses, indianos, entre outros, e, é conhecida por sua arquitetura colonial, que apesar de decadente, continua a ser um exemplo quase único de uma capital colonial britânica do século XIX. Yangon continua a ser uma cidade do passado”.
Ok, descrição na cabeça, estava na hora da realidade. Durante o começo do nosso percurso, nada me chamava muito à atenção até passarmos por uma avenida, onde ficavam a maioria das embaixadas, na verdade os escritórios de representação – no caso, durante a ditadura militar, o país recebeu duras sanções e com isso, rompimento das relações diplomáticas com a maioria dos países – o Brasil estava lá, localizado em uma bela casa.
O trânsito era um tanto caótico, os carros bem mais para os velhos do que para os novos. As edificações bastante castigadas pelo tempo e falta de manutenção, o que acabou me passando uma sensação de pobreza (além da conta), não que eu esperasse uma cidade rica e próspera, mas fiquei um pouco receiosa e pensativa, “será que eu só veria aquilo?!”
Enfim, primeira parada, como eu já havia dito, Mercado de Bogyoke. Umas das grandes atrações turísticas de Yangon. Localizado bem no centro da cidade. Seu antigo nome era Scott, chamado durante a época colonial britânica, mudado para Bogyoke, em homenagem ao famoso general Aung San, assassinado em 19 de julho de 1947.
Muito popular entre os turistas, contém uma grande variedade de tecidos, artes e artesanato, souvenires de toda espécie, pedras e jóias, além de perucas, é claro. Sobre os preços, pouco posso comentar, acabei comprando algumas pulseiras “supostamente” de pedras e uma peruca rosa, ainda estava apanhando com o dinheiro local, uma confusão de zeros, que honestamente, se eu paguei muito caro, nunca vou saber, melhor.
Depois da farofa que foi nossa passagem pelo mercado, tudo começou a ficar mais bonito. Viramos atração por onde andávamos. Passamos pelo parque da cidade e em seguida, entramos numa pagoda. O calor que fazia era infernal, uma umidade insana, que fazia nossa roupa colar no corpo. Nada de pernocas de fora, pelo menos para entrar nos templos dê um jeitinho de se cobrir, amarre um lenço ou passe calor com uma calça comprida. Afff.
Para mudar a minha primeira impressão do lugar, no dia seguinte fomos conhecer uma vila de pescadores, lugar como posso dizer, bem real, rural, onde a vida acontece do jeito que sempre foi. Pegamos o ferry, atravessamos o rio Yangon e quando eu percebi, estava sentada no rickshaw de um menino andando pelo povoado, aliás uma procissão de turistas andando em fila indiana.
Andamos por vários lugares, passamos em frente as casas dos moradores, estes continuavam a fazer suas tarefas do dia a dia, mas não sem antes nos sorrir e nos cumprimentar, com seu gostoso “Mingalaba”. Nossa parada principal, foi em uma escola monástica para pequenas crianças carentes, cuidadas pelos monges. Quanta doçura. Recebemos tanto carinho e amor daquelas crianças, que a vontade era levar uma meia-dúzia delas comigo.
Pouco a pouco, a minha sensação em relação aquela cidade foi mudando. Eu não enxergava mais aquela pobreza como algo horroroso, que eu não poderia suportar conviver. Passei a enxergar com outros olhos, talvez quando a gente se distância das nossas origens e passa a ter uma visão menos comprometida, menos imparcial, a sensação muda, você absorve aquilo com mais naturalidade e menos preconceito.
Fotos: DQZ/Reprodução
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